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segunda-feira, 1 de março de 2010

Conto dos dias frios.

Juliana tem os olhos claros e costuma escrever nos dias frios, em que não tem ninguém para conversar sobre clichês existenciais ou literatura alternativa. Não assiste TV nem frequenta lugares movimentados. Gosta de ler jornais pela manha, enquanto toma café puro, no sofá da sala, e escolhe os filmes que gostaria de assistir, em algum cinema bem pequeno, no início da noite.

Trabalha num livro que nunca conseguiu terminar por total falta de disciplina. Enquanto isso coleciona planos de conhecer a vida cultural da metrópole ao lado, terminar a faculdade de antropologia e conseguir ler sua lista de autores prediletos.

Ela encontra nos livros a força que não se aprende na escola ou nas receitas-de-viver-bem e acaba passando pro papel, naturalmente, as palavras que não consegue dizer quando necessárias.

Costuma andar no fim de tarde pelas ruas movimentadas da cidade, sem falar com mais de duas ou três pessoas. Mas fotografa mentalmente cada pedaço de vida exposto nos sorrisos amarelos dos que passam a sua volta.

Juliana veste as cores dos sonhos que poderiam existir. E sente saudades dos dias que nunca existiram.

5 comentários:

Anônimo disse...

muito bom cara, me lembra o "Isabela" bem trabalhado. se esse texto estivesse no "dizem-as-paredes" tbm ficaria muito legal.

Juliana Porto disse...

E sinto mesmo.
Escreveu pra mim, é?
Tirando a faculdade de antropologia e o café. Blergh!
Adorei.
Beijos

Késia Maximiano disse...

Sabe que eu tb coleciono planos?

Beijos

Anônimo disse...

hahahaha Legal.. Dias frios são realmente perfeitos..

Dani disse...

Ela encontra nos livros a força que não se aprende na escola ou nas receitas-de-viver-bem e acaba passando pro papel, naturalmente, as palavras que não consegue dizer quando necessárias.

Prazer, Juliana! ;)


(Saudades, sempre! Te amo, sempre também! E me orgulho, cada vez mais, de você.)