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sexta-feira, 24 de julho de 2015

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Velho e fechado
Com todas as coisas não ditas
Com todas as lembranças não escritas
Em cartões postais
que nunca se soube como foram parar lá
Eu não confesso nada!

Alice - 17h21min

quinta-feira, 9 de julho de 2015

balanço do coma

é como acordar alguns anos depois, cinco ou seis, fingindo ser o que já é, como diz o marcelo; mas sem o distanciamento temporal necessário para perceber as nuances do trajeto: onde se está/onde pretendia chegar. isto seja, a falta de percepção, de si e do meio, o estado de coma.

os livros não lidos, filmes não vistos, o dinheiro que não veio, nem o sucesso com a música, nem a música (enquanto ofício ou talento suficiente pra chamar a mera distração de arte, fuga ou vômito - no melhor sentido da palavra), a velha guitarra com os mesmos defeitos, e uns rabiscos de canções que o tempo não tornou melhor, que ninguém ouviu, ou que sequer foram finalizadas.

no entanto, entre o que era e o que poderia ter sido, até que muita coisa andou pra frente. da parte boa - que a gente anota mentalmente no fim do dia, do ano ou de determinados ciclos - o amor que veio pra ficar, o exercício da criatividade profissional que possibilita encontros, em bares ou salas de aula, com quem transforma o vazio cotidiano em força anti-hegemônica, fazendo filmes pra acertar as contas com o passado, lançando discos sobre a doença-das-grandes-cidades ou escrevendo teses, destruindo muros, físicos e simbólicos, e você ali, bagagem mínima, contando histórias também, caminhando junto, dividindo angústias e esperanças. 

então, até que sobrevivemos bem, apesar das faltas, riscos e perigos: da insegurança que impossibilita à ação, ao excesso, que possibilita a ação, mas depois cobra caro, ao equívoco literal que vira metáfora - entrar no mar agitado sem saber nadar. resumo da vida que nos trouxe até aqui, quase matando, maltratando mesmo, dia após dia, mas nos tornado fortes - sujeitos de sorte. 



segunda-feira, 6 de julho de 2015

sábado/domingo (ou a vida em dez faixas)

e você se sente numa cela escura,
planejando a sua fuga,
cavando o chão com as próprias unhas.