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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

treze

Prólogo:

quando a solução não está dentro de casa, nos livros ou nos filmes de amor que se repetem na tv a cabo, resta caminhar por aí, com o medo que não deixa de existir, mas, também, com a vontade do não-realizável, de mudar tudo, e sorrir um pouco mais pra deixar de ser óbvio, ainda assim as canções não deixam de fazer sentido - nunca, um estranho estado de alegria ou quase morte, difícil transformar em palavras, mas por sorte, vez ou outra, a vontade consegue vencer o medo e a única certeza possível é a ausência do impossível. 

(...)


Cena I:

INT.  LIVRARIA    DIA.

ele, na roupa de sempre, finge se distrair enquanto olha a vitrine da livraria que, contrariando as estatísticas, se encontra bastante movimentada para uma tarde de quinta-feira. nas mãos uma sacola com itens necessários para a organização dos papéis que, querendo ou não, trazem lembranças de dias em que até as comédias românticas faziam sentido - na realidade, mesmo sem encontrar muito sentido, ele continua assistindo, quase nunca como primeira opção, é verdade.

ensaia os passos para que tudo pareça o mais natural possível, talvez tenha aprendido com os filmes, "estava passando aqui perto e resolvi vir te ver". ela não consegue esconder o sorriso, e ele ainda guarda na memória afetiva o dia em que se conheceram, meses atrás, ali mesmo.

ela: viu como eu sou cativante?

ele, entre os livros que ainda não conseguiram ler - por falta de tempo, no caso dela, e de esforço ou dinheiro, no dele - não diz, mas sorrindo, como não é de costume, pensa: é, você nem imagina o quanto!

depois do abraço:

- vê se aparece...

ele sabe que vai aparecer.

(continua)

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