rio de janeiro, paraty ou qualquer cidade com
praia e centro histórico.
(...)
uma série de delírios que talvez façam sentido se estudados
com base na psicanálise. nós dois, depois de sucessivas brigas em
silêncio e muita raiva desperdiçada nos bares sujos da cidade, estávamos ali, revendo
tudo, personagens do que fomos, num conjunto de cenas estranhas, fotografias que escritas não descrevem metade do processo.
estranho a força com que te beijava, como quem quisesse
descontar em poucos segundos tudo que passou e nos mudou por dentro e
por fora. o caminho é diferente quando se sabe o final. passado e futuro. ainda assim, na medida do possível, parecíamos felizes, ali, praticamente sozinhos, onde, além do medo, o que existia eram os corpos abraçados, quase perdidos, na
escuridão do mar que não terminava nunca.
conversávamos sobre cada detalhe que
ficou pelo caminho, e por culpa de sabe-se lá quem, nunca conseguimos explicar. embora muito tenha mudado.
na força do desejo, no abraço ou nos sorrisos assustados que
estampavam nossos rostos, estava claro que a vida poderia ter sido bastante
diferente, se conseguíssemos ser diferentes. mas, não!, enquanto isso
estamos por aí, largados, quebrando promessas, perdidos em qualquer substância
que prometa aliviar a dor, ou distorcer os sentidos.
(...)
hoje não é amor, saudade ou
necessidade. só um receio do que esse conjunto de cenas, que não se explicam facilmente, podem significar.
acordo assustado.
(não sei se cansado de sonhar).
"ilusão de que falta alguma parte do próprio corpo, ou de que o mundo cessou de existir. percepção sem objeto".